O episódio aconteceu durante a partida da Copa Libertadores, em 27 de maio de 2025, no Morumbis, quando Bobadilla teria chamado Miguel Navarro, atleta venezuelano do Talleres, de "venezuelano morto de fome".
"Venezuelano morto de fome": jogador do Talleres chora e cobra justiça
O delegado Rodrigo Correa Baptista, titular da Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), classificou o crime como grave e inafiançável. A pena para este tipo de delito pode variar de dois a cinco anos de prisão.
Em depoimento prestado em 11 de junho de 2025, Bobadilla não negou a ofensa, mas buscou amenizá-la, alegando ter dito "venezuelano de merd*" em vez de "venezuelano morto de fome".
Bobadilla não nega, mas ameniza ofensa xenofóbica em depoimento à polícia
Ele afirmou que a ofensa ocorreu após provocações no calor do jogo e que não esperava que a situação fosse “extrapolar para fora do campo”. Contudo, a versão de Navarro é corroborada por dois atletas do Talleres, o árbitro da partida e dois policiais militares já ouvidos pela polícia.
O delegado Correa acredita que Bobadilla é, de fato, o autor do crime. O inquérito policial está em fase final e será encaminhado ao Poder Judiciário.
Após o indiciamento, o caso sairá da esfera da Polícia Civil e será submetido ao Ministério Público para análise e possível oferecimento de denúncia formal ao Poder Judiciário, dando início à ação penal contra Bobadilla.
Além do processo judicial, a Conmebol abriu uma investigação sobre o caso de xenofobia. Embora uma investigação não garanta punição, o Código de Artigo Disciplinar da Conmebol prevê que um jogador que insultar ou atentar contra a dignidade humana de outra pessoa por motivos de origem pode ser suspenso por pelo menos dez partidas ou por um período mínimo de quatro meses.
Em caso de reincidência, a punição pode incluir a proibição de exercer atividades relacionadas ao futebol por até cinco anos. Há um precedente em 2025, com a suspensão de Pablo Ceppelini, do Alianza Lima, por quatro meses por xenofobia.
O São Paulo Futebol Clube afirmou estar acompanhando a apuração dos fatos e colaborando com as investigações. O clube reiterou seu repúdio a qualquer manifestação de discriminação, preconceito ou intolerância.
O São Paulo informou que, embora caiba ao atleta prestar os esclarecimentos, o clube está oferecendo e institucional e medidas educativas por meio de sua área de compliance, ressaltando que Bobadilla não possuía histórico de conduta disciplinar negativa.