Réu e o principal juiz, Alexandre de Moraes, escolheram um tom ameno que em nada alterou o fundamental da coisa toda. A acusação contra Jair Bolsonaro está escorada em depoimentos de um delator e alguns documentos encontrados pela Polícia Federal. Cabe agora a quem denuncia provar uma ligação entre tudo isso — que culmina nos atos antidemocráticos do 8 de janeiro — e Jair Bolsonaro.

No seu exercício hoje de autodefesa, Bolsonaro transformou o interrogatório em um problema de retórica abusiva por parte dele mesmo. Foram desabafos de quem se sentiu amarrado durante o mandato e, mais ainda, na eleição de 2022. Disse que nunca na vida pensou em golpe ou qualquer coisa semelhante. Pediu até desculpas a Moraes por ter dito que os juízes “levavam grana”.

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Bolsonaro eximiu-se de deslegitimar o tribunal que o julga e não repetiu qualquer das críticas que fez ao Supremo durante anos.

O STF está com muita pressa em terminar o julgamento, que uma grande maioria dos operadores no campo do Direito acredita que terminará com a condenação de Bolsonaro. Não pela força deste ou daquele indício, mas pelo “conjunto da obra”, como dizem os acusadores.

A relativa mansidão de Bolsonaro hoje contrasta com a imagem do político que já se propôs a incendiar o país — e que está empenhado agora apenas em escapar da cadeia.

Mas, se era plano de golpe ou só retórica, é para a cadeia que ele está indo.

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